Quem é o Próximo?

Quem é o Próximo?

Por Rev. Celso Gibbs
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Em Lucas 10:29, o perito da Lei, tentando justificar-se, faz a seguinte pergunta: "E quem é o meu próximo?". Essa indagação não é oriunda de um coração sincero, mas de um desejo de reduzir a lei do amor a um exercício teórico e limitado.

No imaginário daquele mestre, amar o próximo poderia significar amar apenas o povo judeu, talvez apenas os mais próximos em afinidade e pureza ritual.

Mas Jesus, em sua pedagogia perfeita, responde com a parábola do bom samaritano (Lc. 10:25-37). Ao final, em vez de confirmar a lógica do perito, Ele desloca o centro da questão e pergunta: "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?" (Lc. 10:36).

Aqui está o ponto absolutamente transformador:

  • O perito queria definir os limites do próximo;
  • Jesus mostra que o discípulo precisa definir a quem ele se fará próximo.

O fato é que Jesus quebra uma leitura fortuita e legalista da Lei e nos chama a uma prática viva do amor. O próximo não é uma categoria pronta, delimitada por fronteiras étnicas ou religiosas. O próximo é qualquer pessoa diante de mim em necessidade, e a questão decisiva é: eu serei próximo dela ou não?

Essa mudança é imperiosamente importante para nossos dias. Quantas vezes nós, como aquele perito, perguntamos em silêncio:

  • Será que essa pessoa merece minha ajuda?
  • Até onde vai o meu compromisso de amar?
  • E se ela for ingrata, diferente, ou até hostil?

Mas Jesus desloca a pergunta e a dirige a nós: de quem você está disposto a ser próximo?

  • Na rua, quando passamos por alguém em situação de vulnerabilidade, a questão não é se aquela pessoa "é" o nosso próximo. A questão é: nos faremos o próximo dela?
  • Dentro de casa, diante de conflitos familiares, a questão não é se o outro "merece" nosso perdão ou atenção. É: seremos próximo para ele?
  • Na igreja, diante de irmãos que parecem invisíveis, a questão não é se eles fazem parte do nosso círculo de afinidade. É: nos faremos o próximo deles?

Penso que essa inversão feita por Jesus é pedagógica, e um convite a romper com uma fé efêmera, reduzida a discursos, e a assumir uma fé encarnada, prática, que se traduz em misericórdia.

Portanto, o chamado de Cristo não é para debater fronteiras de amor, mas para ampliar nossos braços, sair de nossa zona de conforto e agir. O próximo não é definido pelas circunstâncias, mas pela nossa decisão de amar.

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Foto de Rev. Celso Gibbs

Em Cristo,

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