Caminho Atraente

Basílio de Cesaréia afirmou com uma lucidez impressionante: "Como não é possível fazer do inferno um lugar atraente, tem sido comum tentarem tornar atraente o caminho que leva até lá." Essa sentença, ainda que pronunciada há séculos, ecoa com força e pertinência nos nossos dias.

O fato é que vivemos numa sociedade que, incapaz de alterar a realidade final do destino humano sem Cristo, se empenha em embelezar o percurso da perdição. Não se trata de um fenômeno fortuito, mas de um movimento factual, deliberado, pedagógico na sua perversidade: revestir a estrada da morte com brilhos efêmeros para que muitos caminhem nela sem perceber o abismo que os aguarda ao final.

Hoje, esse caminho "atraente" se manifesta em várias formas:

• Na glorificação de um estilo de vida sem limites, onde prazer imediato é elevado a valor supremo;
• Na exaltação da autonomia absoluta, como se o ser humano fosse capaz de determinar o sentido da vida sem referência ao Criador;
• Na sedução de discursos que relativizam o pecado, transformando o que é destrutivo em algo imaginariamente belo e inofensivo.

Mas a Palavra de Deus é clara e incisiva:

(Pv. 14:12) Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte.

Eis o grande perigo: não é apenas o inferno que assusta, mas o fato de que o caminho até lá poder parecer um jardim bem cuidado, uma trilha de flores que, na verdade, conduz ao precipício.

Imperiosamente importante é reconhecermos que essa tentativa de maquiar o mal não é nova, mas ganha força e sofisticação a cada geração. O mal sempre trabalhou mais em adornar o caminho do que em revelar o fim, pois sabe que o inferno, por si mesmo, nunca poderá ser tornado desejável.

Com vistas a isso, penso que nosso chamado, como discípulos de Cristo, é desmascarar essas ilusões. Mostrar ao mundo que o brilho oferecido pelo pecado é absolutamente falso, passageiro e mortal. E, mais ainda, apresentar a beleza superior da graça de Deus em Cristo. Porque se o caminho da perdição é pintado com cores falsas, o caminho da vida é sustentado por uma glória real, eterna e incontestável.

Estou certo disso: quando a igreja anuncia com clareza o evangelho, ela rasga o véu que cobre os olhos das pessoas e lhes mostra que existe O caminho, estreito, sim, mas cheio de sentido, esperança e vida abundante.

Que não nos deixemos seduzir pelos artifícios que tentam transformar a perdição em espetáculo. Que sejamos vigilantes e firmes, apontando sempre para Cristo, o único caminho que não termina em trevas, mas em luz.