O Viver é Cristo e o Morrer é Lucro
Perceba algo imperioso: o velório e o sepultamento são ocasiões que testam a profundidade da nossa compreensão acerca da obra de Cristo. Diante do corpo inerte de quem amamos, não se trata apenas de emoções afloradas ou de uma despedida dolorosa; trata-se de revelarmos o quanto realmente cremos no que Cristo consumou na cruz.
O cristão verdadeiro, ao se deparar com a morte de um ente querido que também pertence a Cristo, chora. E chora porque ama. Chora porque a separação física é pungente. Chora porque o tempo terreno se interrompe de forma abrupta. O choro, portanto, é pertinente, é humano, é bíblico. O próprio Jesus chorou diante do túmulo de Lázaro (Jo. 11:35). O que não é pertinente, e sim um equívoco espiritual, é o desespero, como se não houvesse esperança além da morte física.
Quando o lamento se converte em desespero, isso revela que a obra salvadora de Cristo ainda não foi plenamente conhecida, entendida e assimilada. O desespero é fruto da incredulidade, da visão míope que enxerga apenas o aqui e agora. Já a esperança cristã é fruto da fé que contempla o além. Como escreveu Paulo: "não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança" (1ªTs. 4:13).
A morte, para o salvo, não é o fim, mas a passagem. É a travessia do campo físico para o metafísico, do transitório para o eterno, do perecível para o imperecível. O cristão, ao sepultar um ente querido em Cristo, não está enterrando um fim, mas confiando numa continuidade. Ele se entristece, sim, mas descansa na convicção de que aquele ente querido, um dia, ressurgirá glorificado pela promessa do Senhor Jesus.
A meu juízo, o velório e o sepultamento revelam o quão profundamente a cruz foi assimilada em nós. Se o desespero domina, é sinal de que ainda não compreendemos que a vitória já foi conquistada definitivamente. Mas se, mesmo entre lágrimas, conseguimos nos manter firmes na esperança vindoura, é porque a fé está enraizada na obra consumada de Cristo.
No mais, penso que a postura diante da morte de um ente querido é um dos testemunhos mais eloquentes da fé em Cristo. Chorar é natural. Esperar com confiança é sobrenatural. E quando o mundo nos observa, percebe que não nos desesperamos como quem não tem esperança, mas que, mesmo na dor, proclamamos: "Graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1ªCo. 15:57).
Assim, que nosso pranto seja humano, mas que nossa esperança seja celestial. Que nossas lágrimas corram, mas que não apaguem a certeza de que em Cristo a morte já foi vencida. Isso é viver, até no luto, a gloriosa realidade do Evangelho.
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Para a glória de Cristo,
Rev. Celso Gibbs
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