A Comunidade da Maca
Marcos 2:1-5 (NVI): 1 Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa. 2 Então muita gente se reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava a palavra. 3 Vieram alguns homens, trazendo-lhe um paralítico, carregado por quatro deles. 4 Não podendo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura do lugar onde Jesus estava e, através de uma abertura no teto, baixaram a maca em que estava deitado o paralítico. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os seus pecados estão perdoados".
Argumentação
Na experiência humana, é imperiosamente importante perceber que carregamos marcas. Marcas que, tantas vezes, nos definem pelo que há de negativo nelas. No caso deste homem, a marca que o acompanhava era sua paralisia. Ele não era lembrado pelo nome, nem por qualquer virtude, mas pela condição que o limitava: "o paralítico".
Essa marca, além de defini-lo, o impossibilitava de buscar sua própria cura. Contudo, e aqui está algo pedagógico, ele tinha amigos que ousaram crer para além da marca que o definia e da limitação que o aprisionava. Eles acreditaram que, se removessem os obstáculos que o separavam de Jesus, aquela marca seria vencida e a cura chegaria.
Veja: a fé mencionada no texto não é a fé do paralítico, mas a fé dos amigos. Foi a fé deles que produziu ação. Foi a fé deles que desobstruiu o caminho. Foi a fé deles que colocou aquele homem diante de Jesus.
Mais de vinte séculos se passaram desde este episódio, mas a experiência humana continua a produzir marcas que nos definem e, tantas vezes, nos impossibilitam. Marcas que se tornam rótulos e estigmas.
Como assim?
- "Você lembra da Fulaninha?"
- "Quem?" "Aquela que foi drogada e morava em tal lugar."
- "E o Beltraninho?"
- "Quem?" "Aquele que traiu a esposa e não era digno de confiança."
- "E o Sicraninho?"
- "Quem?" "Aquele que nasceu aleijado e nunca pôde andar."
São marcas que definem a pessoa pelo que há de difícil em sua história. E, em muitos casos, o próprio marcado já não acredita na possibilidade de cura. Passa a viver acomodado sob as limitações que essa marca impõe.
O paralítico de Marcos 2 estava assim. Limitado, acostumado, resignado à marca que carregava. Ele não encontrou em si mesmo fé para buscar Jesus. E, justamente por isso, a diferença na sua história veio de quem tinha acesso à sua amizade.
Com vistas a isso, precisamos nos perguntar:
- Quem são as pessoas que têm acesso à nossa intimidade?
- Qual direção elas nos influenciam a seguir?
- Que tipo de motivação elas nos trazem?
- São pessoas que removem os obstáculos que nos separam de Jesus?
- Têm elas fé suficiente para, em momentos críticos, carregar a nossa maca existencial?
Meus irmãos, a verdade é que todos nós, em algum momento, estaremos na maca. Pode ser uma crise financeira que nos paralisa, uma ferida emocional que nos prende, um pecado que nos envergonha. Todos, mais cedo ou mais tarde, conheceremos o peso da paralisia espiritual.
E, naquele momento, não será o número de seguidores nas redes sociais, nem o saldo bancário, nem mesmo a quantidade de títulos acadêmicos que fará a diferença. O que vai fazer extrema diferença quanto a se sairemos ou não dessa condição é quem está ao nosso redor.
Por isso, é imperiosamente importante que você construa e preserve amizades que têm fé o bastante para abrir telhados, remover barreiras e lhe colocar diante de Jesus. Gente que não desiste na primeira dificuldade. Gente que carrega sua maca mesmo quando você não tem força nem para pedir ajuda.
Mas não basta ter carregadores. O chamado hoje é também para ser carregador. Há pessoas na sua família, no seu trabalho, no seu bairro, talvez até sentadas ao seu lado agora, que estão espiritualmente prostradas. E Deus colocou você no caminho delas para ser aquele que remove telhados e abre caminho até Cristo.
Então, a pergunta final que deixo é esta: em qual situação em relação à maca você está hoje? Se está nela, deixe-se carregar até Jesus. Se está ao lado dela, não solte. Continue carregando até que Ele cure, restaure e liberte.
Porque a Comunidade da Maca não para até que todos estejam diante do Mestre.
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No serviço do Senhor,
Rev. Celso Gibbs
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